Movimentos sociais maranhenses marcam presença na COP30
Reportagem

Movimentos sociais maranhenses marcam presença na COP30

27 de outubro de 2025

De participações no evento oficial a eventos paralelos, a luta maranhense aproveita a atenção mundial na capital paraense para defender suas pautas e compartilhar seus saberes

Pré-COP 30 começa com a força das Quebradeiras de Coco Babaçu
Pré-COP 30 começa com a força das Quebradeiras de Coco Babaçu e demais Povos e Comunidades Tradicionais. Reprodução MIQCB

Realizada de 10 a 21 de novembro, a programação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30 está sendo publicada aos poucos e chama a atenção pela divisão entre negociações oficiais e a participação da sociedade civil. Por um lado, alguns movimentos sociais ocupam espaços oficiais, enquanto outros encontraram formas de inserir suas demandas de maneira paralela. Em ambos os casos, as demandas maranhenses estarão bem representadas.

O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) é uma das organizações confirmadas na programação oficial da COP. Após algumas reivindicações divulgadas em julho, em parceria com a Rede de Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil (Rede PCTs), o MIQCB terá credenciamento oficial, com a presença confirmada na Zona Azul (zona das negociações oficiais) e na Zona Verde (zona dedicada à participação da sociedade civil).

Além de lutar pela participação direta nas negociações em Belém, nas cartas endereçadas ao Presidente Lula e ao presidente da COP, André Corrêa do Lago, entre as principais demandas, também estão a regularização fundiária dos territórios tradicionais e uma transição energética justa. O MIQCB também levantou as preocupações com a aplicação da Lei do Babaçu Livre.

Além da COP, no mesmo período, a capital paraense também irá abrigar eventos simultâneos, sem ligação com a programação oficial ou com as Nações Unidas, mas com o mesmo objetivo de debater as mudanças climáticas. A Cúpula dos Povos e a COP do Povo são algumas das alternativas que surgem para que sindicatos, povos originários, comunidades quilombolas e outros movimentos sociais tenham espaço para inserir suas pautas no debate climático.

Os movimentos que integram essas mobilizações, além de convergirem pautas e acrescentarem um ponto de vista por vezes ignorado no debate oficial, buscam estabelecer pontes entre ações em todo o país. É o caso da Rede de Agroecologia do Maranhão (Rama), uma das organizações maranhenses confirmada na Cúpula dos Povos e na COP do Povo.

Segundo Ariana Gomes, secretária executiva da Rama, a Cúpula é uma oportunidade para dar visibilidade à agroecologia, além de mostrar as práticas realizadas no Maranhão. Para a secretária, a agroecologia é “um caminho alternativo para enfrentar o modelo de desenvolvimento imposto pelo agronegócio”.

A programação paralela, além de promover um espaço para as vozes e reivindicações de entidades, também assume uma postura crítica ao evento oficial. É o que aponta o presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), o professor Cláudio de Mendonça, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), envolvido na organização da Cúpula dos Povos.

Seminário do ANDES-SN discutiu COP 30
Seminário do ANDES-SN discutiu COP 30 e impactos do Capital no meio ambiente e na vida das populações. Fotos: Rodrigo Lima | Reprodução: ANDES

Para Cláudio, a Cúpula é uma alternativa popular, mas “isso não significa que o que é discutido na COP 30 não nos interesse; contudo, mantemos um olhar crítico sobre a forma institucional das negociações conduzidas por organismos internacionais, que costumam focar no combate aos efeitos — e não às causas — da crise ecológica”, conclui.

A participação dos movimentos maranhenses em Belém portanto se articula em diferentes meios, seja através das atividades oficiais ou das cúpulas paralelas. Independente da estruturação dos debates, o objetivo é o mesmo de convergir suas pautas à crise climática e debater não apenas soluções diversas, mas também as causas de tais problemas.

O Diário COP 30, produção do Laborejo em parceria com a Rádio Universidade FM e o Coletivo Ocorre Diário, propõe dar luz às mobilizações sociais em Belém, a partir de uma cobertura heterogênea que coloca em evidência os debates ignorados pela mídia tradicional. A partir do dia 10 de novembro você acompanha o boletim no Jornal da Rádio Universidade, com reprises às 11h30 e 14h, ou se preferir pode ouvir nos perfis Rádio Universidade FM ou OcorreCast no Spotify.


Ana Letícia Ferro é Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela UFMA. Pesquisadora do Grupo Estrema, com enfoque na temática de Gênero e Jornalismo Esportivo. É membro do Laboratório Experimental de Jornalismo da UFMA – Laborejo.

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